Imigrantes salvam Europa da redução de população
2004-11-30
Alfredo Maia
AEuropa poderia ter sofrido uma redução de 4,4 milhões de habitantes em apenas cinco anos (1995 a 200), se não tivessem entrado cinco milhões de imigrantes, segundo se conclui de um estudo mundial publicado ontem.
"A imigração pode e tem contrabalançado muitas das consequências do envelhecimento da população e da escassez de mão-de-obra na Europa", sublinha a síntese do Estudo Económico e Social Mundial, segundo o qual um em cada 35 habitantes da Terra é um migrante internacional, chegando a ser um em cada 12 habitantes dos países desenvolvidos.
O estudo, divulgado simultaneamente em Nova Iorque, Estados Unidos da América, e em Bruxelas, na Bélgica, conclui que continua a aumentar o número de cidadãos que vive e trabalha fora dos seus países, atingindo 175 milhões em 2000, deslocando-se especialmente para os países desenvolvidos.
Enquanto na década de 1960 cerca de 44 dos 76 milhões de imigrantes do Planeta viviam em países em desenvolvimento, em 2000 a expressão é inversa. Os cidadãos oriundos do exterior representam já 8,3% da população dos países desenvolvidos.
Só os Estados Unidos da América acolhem um quinto dos migrantes internacionais, com um total estimado em 35 milhões de estrangeiros, embora se calcule que pelo menos sete milhões serão clandestinos.
Na Europa Ocidental, o número de estrangeiros clandestinos devia atingir os 3,3 milhões em 2000, num total de 33 milhões de residentes originários de outros países que ajudam à recuperação demográfica e ao desenvolvimento económico dos estados de acolhimento.
Nos finais da década de noventa, sublinha a informação da ONU, a imigração contribuiu para pelo menos três quartos do crescimento demográfico da Áustria, Dinamarca, Grécia, Itália, Luxemburgo, Espanha e Suíça. Nesse decénio o contingente de residentes estrangeiros duplicou na Finlândia, Irlanda, Itália, Portugal e Espanha.
Aqueles aumentos representam ameaças para os "naturais" dos países de acolhimento? Nem por isso. Mesmo com a entrada de uma média de 600 mil imigrantes por ano na Europa, segundo as previsões da ONU para o período 2000-2050, é provável que a população europeia sofra uma redução de 95 milhões de almas.
Apesar da sua utilidade, o afluxo de imigrantes nem sempre é bem encarado. De tal modo que a percentagem de países no Mundo que adoptam políticas de redução passou de 7% em 1976 para 34% em 2003. Na Europa, essa proporção era já de 23% dos países.
A ONU conclui que não se confirmam os receios de que os imigrantes roubem postos de trabalho e façam baixar significativamente os salários. E indica que fazem subir a procura de bens e serviços e aumentar a produção nacional bruta, ao mesmo tempo que as suas contribuições para os cofres dos estados suplantam o que deles recebem.
Números
70
Países albergam comunidades equivalentes a mais de 10% das suas populações.
48
Por centro é a taxa de mulheres entre os migrantes. 10 000 milhões de dólares por ano é a receita estimada da imigração clandestina.
40,8 milhões de migrantes radicam-se na América do Norte.
Aumentamportugueses emigrados
O número de portugueses emigrados na Europa aumentou na década de noventa, apesar de Portugal se ter transformado num país de acolhimento de imigrantes. Ao contrário do que se passa com países europeus tradicionalmente exportadores de mão-de-obra (Espanha, Itália ou Grécia), o número de portugueses residentes na Europa continua a aumentar 929 mil em 1990, 1009 mil em 1996 e 1037 mil em 2001. No entanto, a percentagem de portugueses no conjunto de estrangeiros nos países europeus diminuiu de 5,8% em 1990, para 5,2% em 1996 e 4,9% em 2001. Em contrapartida, duplicaram os estrangeiros residentes em Portugal, passando de 108 mil em 1990, para 173 mil em 1996 e 224 mil em 2001. Os italianos representavam 7% dos estrangeiros residentes fora do seu país na Europa, em 2001, e os cidadãos da ex-Jugoslávia 6,2%. Estas percentagens podem ser comparadas com as de outros países de origem de imigrantes na Europa como a Turquia (12,4%), Marrocos (5,3) e Argélia (2,2). O saldo da população que emigrou com a que entrou no país (imigrantes) entre 1950 e 2000 é de 1,8 milhões de pessoas.
terça-feira, 27 de outubro de 2009
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário