
A confirmação da presença de Obama e o plano de eficiência energética anunciado ontem pela China relançam as expectativas para a cimeira, a menos de dez dias para o início Depois de confirmar, com duas semanas de avanço, o fracasso da cimeira de Copenhaga (7-18 de Dezembro), os dois maiores emissores mundiais de gases com efeito de estufa, China e EUA, estão a insuflar nova vida na 15.a Conferência das Nações Unidas sobre as Alterações Climáticas (COP 15).Ontem, o governo chinês anunciou um plano de eficiência energética para reduzir 40 a 45% a intensidade de carbono em 2020 relativamente aos níveis de 2005. A intensidade carbónica mede a quantidade de CO2 emitida por unidade de PIB - isto é, sujeita a redução de emissões ao crescimento económico. É a primeira vez que a China especifica, com números, uma promessa para reduzir a pegada de carbono do país mais contaminante do planeta. "É uma acção voluntária adoptada pelo governo tendo em conta as condições nacionais, e é um grande contributo para os esforços para lutar contra as alterações climáticas", afirmou o Conselho de Estado chinês. O gigante asiático garantiu também a presença do seu primeiro-ministro, Wen Jiabao, na capital dinamarquesa - outra boa notícia para a COP 15 - mas teve o cuidado de antecipar que não tenciona limitar as emissões de CO2. Antes pelo contrário. O principal negociador chinês em Copenhaga, Yu Qingtai, rejeitou para si quaisquer restrições, mas exigiu aos países desenvolvidos um compromisso. "China e os outros países em desenvolvimento não terão de apresentar metas", recorda Francisco Ferreira, vice-presidente da associação ambientalista Quercus. "Isso já tinha sido decidido em Bali [na COP 13, em 2007], mas vão ter de fazer um esforço para que as economias dependam menos do carbono."Na véspera, a Casa Branca tinha certificado a passagem de Barack Obama pela Conferência de Copenhaga a 9 de Dezembro, dois dias depois do início e portanto à margem das decisões importantes, que serão adoptadas por mais de 60 chefes de Estado e de governo na última semana da COP 15. A visita, de apenas um dia, foi inserida na agenda à ultima hora, aproveitando a recolha do prémio Nobel da Paz em Oslo a 10 de Dezembro.Mesmo assim, foi recebida com entusiasmo por ambientalistas de todo o mundo. "O compromisso pioneiro da China e a comparência de Obama são passos no bom caminho", diz, em conversa telefónica com o i, Ninni Ikkila, da International Union for Conservation of Nature (IUCN). A coordenadora para as Alterações Climáticas da IUCN admite que são passos "pequenos, mas passos ao fim e ao cabo".Francisco Ferreira lembra que Obama "está de mãos atadas pelo Congresso e pelo Senado" e acredita que o presidente dos EUA "se calhar, até vai numa altura mais crucial". Em Copenhaga, o líder norte-americano deverá anunciar o primeiro compromisso dos EUA, em mais de uma década, para reduzir a produção de gases contaminantes. Os valores prometidos pela Casa Branca são de menos 17% para 2020, 30% para 2025, 42% para 2030 e uma diminuição de até 83% para 2050. O ano de referência escolhido foi 2005, o que representa uma redução de apenas 4% em relação a 1990, a data considerada pelos 193 signatários do Protocolo de Quioto, nascido na COP 3 em 1997. Os EUA não estão nessa lista.O porta-voz da ONU para as Alterações Climáticas, Yvo de Boer, sublinhou ontem que "não há um plano B" se falhar Copenhaga e pediu aos países desenvolvidos e em desenvolvimento que ponham "preto no branco" os objectivos de redução de emissões. Uma vez descartado um acordo vinculativo em Copenhaga, De Boer pediu ao menos "um acordo que desencadeie acção imediata" antes do fim de Quioto, em 2012. "Não há tempo a perder", defendeu o funcionário da ONU.
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