quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Oceanos vão subir mais do que se pensava até agora

Clima. Dois mil cientistas discutem em Copenhaga os efeitos das mudanças climáticas. A reunião dará origem a um novo relatório que servirá para os políticos tomarem decisões numa cimeira no final do ano, na capital dinamarquesa. O objectivo é um protocolo que substitua Quioto, que termina em 2012
Até ao final do século, o nível dos oceanos poderá subir entre 75 e 190 centímetros, de acordo com um estudo que será apresentado em Copenhaga, durante a conferência científica internacional de preparação da cimeira do final do ano. Estes valores, estimados por Stefan Rahmsdorf, do Instituto de Investigação Climática de Potsdam, na Alemanha, são bastante mais pessimista dos que os calculados pelos peritos do Painel Intergovernamental para as Mudanças Climáticas (IPCC, na sua sigla inglesa).
O IPCC, organismo criado pelas Nações Unidas, publicou um relatório em 2007 que ainda hoje constitui a referência nas discussões sobre o tema das mudanças do clima, debate muito aceso onde há uma facção céptica. Para o painel de peritos, a subida dos mares, até final do século, estará num intervalo entre 18 centímetros e 59 centímetros, mesmo assim grave para muitos países.
O agravamento do cenário no que respeita à subida dos mares será um dos pontos centrais das revelações da conferência científica internacional de Copenhaga, que começa hoje na capital dinamarquesa e que durará três dias. Mais de dois mil cientistas participam neste encontro, que visa divulgar os mais recentes estudos científicos sobre o fenómeno: mais de 1600 estudos. O resultado será um novo relatório, previsto para Junho, que depois servirá para as discussões políticas da Cimeira de Copenhaga, em Dezembro de 2009.
Esta cimeira constitui o ponto final de um longo processo de reuniões que remontam a 1995. Em 1997, foi negociado o Protocolo de Quioto, acordo que estará em vigor até 2012, mas que nem sequer foi ratificado por todos os países signatários.
Em Quioto, os países industrializados aceitaram uma redução colectiva de gases de efeito de estufa de 5% face aos valores de 1990. Estes gases estão relacionados com as actividades humanas e resultam em aquecimento global. Nem todos concordam: a anterior administração americana, por exemplo, combateu ferozmente as conclusões de muitos cientistas e impediu a ratificação do protocolo.
Apesar de Quioto e das pressões europeias, a emissão de gases com efeito de estufa continua a aumentar. Em consequência, ao longo deste século, as regiões secas vão tornar-se ainda mais áridas e o degelo das calotes polares provocará um aumento do nível dos oceanos. Um terço dos animais e plantas poderão extinguir-se e haverá uma perturbação geral dos padrões de precipitação. Um recente relatório do IPCC alertava para a questão da insegurança alimentar, que poderá ter graves consequências políticas nas próximas décadas.

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